segunda-feira, julho 07, 2014

Agora é nós

Chegamos, aos tranco e barrancos, mas chegamos. Estamos na semifinal da Copa do Mundo 2014. Entretanto, nossa alegria não foi completa. Perdemos a nossa esperança de gols, pelo menos é assim que estamos entendendo este momento. Demorou, mas o Brasil chegou à conclusão que é extremamente dependente do talento de Neymar.
 
Estou achando tudo isso um tanto estranho. Parece que já temos uma desculpa para o caso de a nossa seleção não conseguir passar pela forte Alemanha, e  que irá aliviar a nossa dor e despir a seleção da obrigação imposta por nós, torcedores, de vencer Copa no Brasil a qualquer custo e nos redimir do vexame da Copa de cinquenta.
 
Caso vençamos, poderemos nos ufanar e respirar aliviado, sem, entretanto, apostar na vitória do Brasil no jogo da final. Ora, todos nós, torcedores assíduos ou não, sabíamos que esse time é dependente do brilho de Neymar, assim como a Argentina é das jogadas de Messi, Portugal de Cristiano Ronaldo e a França de Benzema. Nós poderíamos ser diferentes, mas Felipão escolheu vencer ou perder com as suas convicções. Não está errado. O problema é que o “imponderável” cruzou o caminho da nossa seleção.
Esse acidente ocorrido com Neymar tem levado algumas pessoas a extremos, como se tudo dependesse de uma partida de futebol. A atriz Débora Secco postou uma foto na rede demonstrando toda sua felicidade pelo momento de alegria pela qual está passando. Para quê! Um internauta a criticou por ela estar feliz quando ele estava triste por Neymar estar contundido e não mais participar do mundial. Menos, amigos, menos.
 
O Brasil perdeu a Copa de cinquenta e o país não acabou. Continuamos crescendo, nos desenvolvendo, avançando na política, na industrialização e na pesquisa. Novos craques surgiram e o Brasil foi campeão em 58, 62, 70, 94 e 2002. É claro que ganhar uma Copa do Mundo é tudo de bom, mas perder não é o fim do mundo.
Eu que, ainda menino, vi o país ganhar a Copa de 70, que fiquei triste com a eliminação da seleção de oitenta e dois e que vibrei com as conquistas de 94 e 2002, espero que essa seleção possa se reinventar sem a presença de Neymar e que dentro de campo surja um talento adormecido que exploda numa arrancada em direção ao gol e estufe as redes adversárias libertando da garganta de todos os brasileiros o grito aprisionado que fará de nós os únicos hexacampeões do planeta bola. Vamos lá Brasil! “Agora, é nós”.