sexta-feira, julho 25, 2014

Para onde vão os guarda-chuvas?

Basta o tempo ficar nublado para que a lembrança dele se faça mais forte. Estando em casa, corremos a procurar o bem-dito por todos os cantos sem, contudo, encontrá-lo. Saímos às ruas nos desviando dos pingos d’água que caem justamente em nossas cabeças. Tentamos nos proteger com as mãos, jornais, livros, enfim, com qualquer coisa que tivermos nas mãos no momento em que somos surpreendidos pela chuva.
 
Outro dia tentei lembrar-me de quantos guarda-chuvas comprei até hoje. Estimei que havia comprado pelo menos dois por ano. Supondo que desde os quatorze anos eu os compro e que estou com cinquenta e três, cheguei ao impressionante número de setenta e oito. Fiquei boquiaberto. Eu, feliz proprietário de setenta e oito guarda-chuvas, sempre que chove estou sem nenhum e termino por adquirir mais um.

Já tive guarda-chuvas de todos os tipos e tamanhos. Pretos, cinzas, azuis, listrados, quadriculados, alegres e tristes. Grandes, médios, pequenos e reduzidos, uma tentativa de tê-lo sempre na mochila e nunca mais me molhar, mas que deixei em algum lugar que não lembro.

Quando converso com amigos e até mesmo estranhos, vejo que compartilho do mesmo problema e da mesma perplexidade. Todo mundo compra guarda-chuvas e os deixam em lugares desconhecidos. Parecem que eles são tragados por um buraco negro.

Muitas teorias são elaboradas para explicar o sumiço dos guarda-chuvas. Uma colega me disse que eles vêm dos anéis de Saturno e para lá retornam sempre que nos descuidamos. Outro me disse que eles são atraídos pelo Triangulo das Bermudas e lá penetram em um portal que os levam para outra dimensão. Eu acredito que existe um exercito de anõezinhos que os roubam e revendem para ambulantes que nos vendem para que sejam novamente roubados e revendidos a ambulantes que nos vendem e...

Lançamento do meu livro: O Olhar Oblíquo do Medo na Livraria da Travessa em Botafogo